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DESESPERO

Eu estava correndo há muito tempo. Sempre gostei do bosque ao lado de minha casa, mas agora ele estava fazendo meus piores pesadelos virarem realidade. E aquilo que achei só existir em filmes, estava agora correndo atrás de mim sem esforço algum, enquanto eu estava arfando tanto que estava com medo de vomitar meus pulmões na próxima arfada de ar.
Quando me permitia olhar para trás, via que ele estava sempre mais próximo, seja meio metro ou dois metros. E sempre tinha aquele sorriso malicioso nos lábios, como se estivesse se divertindo ao ver meu sofrimento. Ele era alto, uns bons 30 centímetros maior que eu. Seus braços davam o triplo dos meus e o pior, ele era lindo! Um tipo moreno, grande e com cara de mau, se eu não estivesse correndo desesperadamente dele, provavelmente teria ficado pasma com tamanha beleza.
Quando estava avistando o fim do bosque, senti ele se aproximar subitamente de mim e agarrar minhas pernas. Caímos juntos ao chão, ele por cima de mim. Tentei dar-lhe um chute no rosto, mas ele segurou minhas pernas mais forte. Notei que meus braços estavam livres, então tentei desesperadamente socar, arranhar, estapear: qualquer coisa, desde que machucasse meu agressor.
Mas ele segurou com muita facilidade meus pulsos. Então fiquei imóvel e analisei a situação em que me encontrava: ele estava agarrando minhas pernas com um dos braços e com o outro, meus braços. Ou seja, eu não tinha escapatória. Ele notou quando me rendi e alargou o maldito sorriso.
Ele continuou segurando meus braços e apoiou uma das pernas em cima de mim, ficando meio ajoelhado sobre mim. Usando o braço agora livre, tirou uma mochila (que eu nem tinha notado) das costas. De dentro tirou cordas e algemas.
Quando eu estava bem presa (algemada nos pulsos e pés amarrados), ele me pegou no colo como se eu fosse um bebê e começou a caminhar. Seu cheiro era de perfume masculino, misturado com suor, um cheiro muito bom, o que me deixou mais irritada ainda.
Ele continuou andando por um longo tempo. Quando entramos na parte mais densa do bosque, ele virou à esquerda, me jogou no chão e abriu um alçapão, ali, no meio do nada. Ele voltou a me pegar e nós entramos. Demorou um tempo para meus olhos se acostumarem com a escuridão, mas assim que vi onde estava, preferiria que ele tivesse me matado logo.
A sala era grande, no meio tinha uma cama de metal com vários fios elétricos ligados a ela. Possuía várias fivelas de couro e um buraco bem no meio, o qual eu não sabia pra quê servia. Alguns metros do lado, tinha uma mesinha com vários instrumentos de tortura: alicates, bisturis, facas de todos os tamanhos e tipos, lâminas, moedas, panelas, uma caixinha com algum tipo de animal dentro, e ao lado da mesa, tinha um fogão e no chão um serrote.
Assim que terminei de analisar a sala, voltei minha atenção para o cara que ainda me tinha no colo, ele olhava para mim com o mesmo sorriso nos lábios e assim que meus olhos encontraram os dele, de um profundo preto, ele ficou subitamente sério. O rosto dele se aproximou do meu e sua boa tocou a minha. Minha raiva foi tanta que arranquei um pedaço de seu lábio. Ele me deixou cair no chão de costas e olhou para mim com tamanha fúria que me arrependi na hora de ter feito o que fiz.
Ele soltou minhas mãos e meus pés e me amarrou na cama com tamanha força, que meus pulsos cortaram e sangraram. E quando pensei que ele me deixaria ali durante muito tempo, ele ligou os cabos elétricos ligados à cama. Levei um choque tão grande que mordi a língua e na mesma hora senti o gosto de sangue. Ele não parou, continuou dando choques, até eu ganhar convulsão e desmaiar.
Quando acordei, ele estava preparando as facas, de costas para mim. Quando ele se virou, toda a fúria de antes tinha sido dissolvida de seus olhos, onde agora tinha voltado à diversão e a malícia.
Ele veio em minha direção com uma faca de carne e uma faquinha de serra. Comecei a tremer no mesmo momento. Ele passou a faca por sobre meu corpo e parou nos pés. Ele tirou meu tênis e minha meia do pé esquerdo e, quando eu não conseguia mais esperar, cortou um de meus dedos, provavelmente o dedão. A dor foi tanta que pensei que ia morrer, mas ele não parou com meus gritos, cortou todos os dedos um a um, e depois foi à vez do outro pé, onde ele fez a mesma coisa. Não suportei e acabei desmaiando novamente.
Quando acordei, ele estava preparando os alicates, mas o que mais me chamou a atenção, foi que umas das fivelas de minha mão estava solta, aproveitei a chance, silenciosamente e cuidadosamente deslizei minha mão para fora, abri a da outra mão e soltei meus pés, tendo cuidado para não gritar, pois a dor era muita.
Sentei-me na cama sem fazer barulho e vi que tinha uma faca ao alcance de minha mão. Eu sabia que se ele me pegasse viva, seria cada vez pior, então, quando ele se virou, eu peguei a faca e enfiei-a em meu coração com um sorriso de triunfo nos lábios, pude ver o rosto banhado em fúria e o olhar de decepção no rosto dele, pois eu tinha acabado de estragar seu joguinho. Não me importei com o que ele faria com meu corpo. Só conseguia pensar que a dor passaria rapidamente.


Ele, vendo que a garota estava morta e que seu plano de torturá-la e com isso se satisfazer com o sofrimento dela, tinha sido em vão, ficou muito irritado. Na hora,  ficou tão nervoso, que nem mediu as conseqüências do que faria com o corpo daquela linda garota. Foi então que pensou na única maneira de se vingar por ela ter se matado, era fazendo com que mesmo depois da morte, o corpo e a alma dela sofressem as conseqüências.

Dâmaris e Giovani. 

6 comentários

  1. Muito bom. Deveria ter colocado só o teu nome, nem ajudei muito. : /

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  2. Ótimo Damy!! u.u Adorei! kkkk Vou sempre ler seus contos e, se algum dia quiser, posso te ajudar a escrever um! Beijos e até no inglês amanhã!

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    1. Obrigada *-* kkk Quero sim! Vamos escrever um muito bom! Beijos ;*

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  3. Conto maravilhoso, parabéns!
    Primeira vez que acesso o seu blog, vou sempre dar uma passadinha por aqui!

    Abraços,
    www.revolucaonerd.com

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    1. Obrigada!
      Acesse quantas vezes quiser e comente mais vezes ainda *-*

      Abraços ;*

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