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CULPADA


Eu me olhava no espelho e tudo que via era um misto de erros e imperfeições. Coisas do tipo que nem as melhores maquiagens do mundo poderiam esconder. Principalmente pela maioria não ser fisicamente. A maioria está dentro de mim; imersas em meu organismo até a mais profunda e obscura célula. 
Quando me olho no espelho, meus olhos veem além do que os outros podem ver. Eles enxergam meu passado inteiro, tudo que fiz e que deixei de fazer. Todos os erros. E lá, em minha mente, acontecia um julgamento. O meu julgamento. E fui declarada culpada. 
Culpada por ser errada. Culpada por ter fugido da dor e do sofrimento por muito tempo usando o modo mais fácil. Culpada por ter medo. Culpada por sentir. 
E durante muito tempo meu inconsciente se viu sendo torturado com imagens do passado. Erro após erro. Defeito após defeito. Até que um dia, sem conseguir aguentar mais... chorou. Voltou ao controle de si mesmo e se permitiu sentir novamente. 
Tudo que senti era absurdamente novo, que me vi como uma criança que vê o mundo pela primeira vez. Esmagada por tanta confusão e medo, mas também feliz por ter aberto os olhos. 

Dâmaris. 

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