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Te vejo todos os dias, com a mesma cara, mesmas conversinhas, o mesmo você de sempre. E você insiste em dizer que gosta de mim, que sou única, mas que o que você quer mesmo é ser solteiro, ter todas as outras, tão iguais. Como se me devesse uma explicação, satisfação. Tudo bem, divirta-se. Que você faça ótimo proveito das meninas sem sal, das cínicas, das biscates, das certinhas, de todas que puder, todas que quiser. Que seu copo de vodka esteja sempre cheio e que, na medida do possível, você consiga se sentir preenchido também por todas essas suas escolhas vazias, essa tua vida cheia de momentos, mas sem nada que permaneça no dia seguinte, mês seguinte. Não precisa me falar, como quem se desculpa, com vontade de me congelar enquanto você vive. Guarda tuas desculpas pra você mesmo no fim de toda essa sua diversão barata que você chama de vida. Eu sou única, nisso você tá certo. Mas também sou a única que você não vai poder ter mais, pra ser o que te resta depois de tudo, porque quando eu quis ficar pro dia seguinte, tive que ir embora. Não ando pra trás, não sou cama pra ressaca, não sou colo pra cansaço de falsa liberdade. Ou me escolhe, ou me perde. Não fico acampando, esperando o dia seguinte do fim da tua escolha triste. Sou única, não esquece.

- Marcella Fernanda

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